Publicado no canal do Facebook https://www.facebook.com/recordarvivercarnaval no dia 11 de fevereiro de 2019.
Texto: Ana Claudia Moraes Thomé
"O que não me mata, me fortalece", estas foram as palavras do presidente da Águia de Ouro, Sidnei Carrioullo, na Concentração. Independente dos motivos que o levaram a dizer isso, há de se concordar que existe uma força enorme nesta frase. É uma afirmação de quem não se entrega às dificuldades, de quem passa por elas de cabeça erguida e volta altaneiro.
A ida da Agremiação ao Grupo de Acesso foi essencial para que voltassem ainda mais unidos. Na verdade, a impressão que me deu, foi a que eles nunca saíram do Especial. O Ensaio Técnico foi grandioso, com um samba que cresceu na Avenida e se tornou um grito de protesto. Mesmo com um enredo totalmente político, não se tornou algo pesado de assistir. A seriedade do que se era exposto, não transformou a Águia de Ouro em um desfile cívico.
Uma coisa me chamou muita atenção na Comissão de Frente. A única coreógrafa que vi apresentar seus bailarinos, foi a Chris Rabello. Ela passou na Avenida, fazendo isso com uma alegria nos olhos e com muito orgulho. Aquele era o momento deles... de cada uma daquelas pessoas receber a recompensa por meses de trabalho. Chris teve a humildade de deixar que seus pupilos brilhassem. A coreografia foi de fácil entendimento; estava dividida em dois grupos, que eram identificados por roupas diferentes, e pareciam brigar entre eles, como se fosse o bem contra o mal. Tudo o que foi apresentado na Comissão de Frente, se seguiu com a mesma intensidade...
Certa vez, ouvi de uma pessoa importante dentro do Carnaval, que, para se ganhar um título, era preciso muita organização. E foi exatamente o que vi na Águia de Ouro... a Escola passou compacta, alinhada e segura. Prova disso foi ver o trabalho do pessoal da Harmonia. Eles estavam tranquilos e não se ouviu nenhum pedido de atenção! Um deles passou por mim, cantando, dançando, brincando com os componentes de sua Ala e se divertindo. Uma pessoa só foi capaz de me mostrar toda essa organização, que citei acima. Me arrisco a dizer que este será o desfile mais maduro da Águia de Ouro, mais consciente e com mais empenho por parte da diretoria.
Porém, nada disso seria possível se a Comunidade da Pompéia não fosse do jeito que é. Todos os componentes passaram cantando com uma força incrível de se ver, muita garra e muita vontade. Essas vozes eram ainda mais ouvidas nas paradas da bateria... tudo se tornava mais alto, mais notável. A letra do samba é muito atual, é a nossa luta por um Brasil melhor, é a nossa história, é um alerta de tudo aquilo que esteve e ainda está errado. Todas aquelas pessoas representavam o povo Brasileiro... foram e serão a nossa voz. A Avenida estava inteira de azul e branco, com algumas alas em verde e amarelo, colorindo o Sambódromo com as cores da nossa bandeira nacional. Foi lindo... um grande protesto, uma grande união do povo. Muitas bexigas, balões em formato de coração, bandeirinhas foram vistos e deixaram tudo ainda mais bonito. Para quem achou que não teríamos nada que remetesse aos tempos atuais, veio uma ala com panelas nas mãos... bem sabemos o que representava, não é?!
A maior estrela, o personagem principal da Agremiação é, sem duvida, a sua Comunidade e todo o comprometimento que demonstram ter. Eles dão vida a cada trecho do samba, estão "revestidos de coragem" e "lavam a alma" com cada frase dita. Acredito que, se depender de cada um deles, este será um desfile histórico. Como Brasileira, como parte da imprensa especializada no Carnaval, este também é um desejo meu... que seja marcante, que seja representativo, que seja uma maneira de abrir os olhos de muitos que ainda permanecem com eles fechados. Que faça com que todos nós nos questionemos sobre "Que país é esse?". Se somos filhos desta Pátria, que possamos cuidar dela com a responsabilidade que nos é dada.
Águia, eu quero falar de vocês! Vocês não morreram... só se fortaleceram!
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